O Brasil está assustado!
Basta abrir o jornal ou assistir TV, ou mesmo acessar a internet para entrarmos
em pânico. Há um espírito de violência invadindo a “pátria amada”. Os filhos de
nossa “mãe gentil” estão perdendo a doçura, o juízo e o senso de humanidade.
A violência está
ultrapassando os limites e o que mais me assombra é a constatação de que, cada
vez mais, os jovens têm sido os instrumentos usados para o mal. São
adolescentes, entre 13 e 17 anos; muitos são estudantes, alguns de classe
média, outros de classe social muito baixa, mas eles estão cada vez mais
violentos.
Nossos jovens
estão queimando pessoas, estão assassinando os pais, estão matando os colegas
no pátio das escolas, estão formando “tribos” que eliminam outros nas
danceterias, nas praças, nas ruas.
Há requintes de
crueldade espalhados pela nação e pelo mundo. Há uma fúria animalesca
patrulhando o sentimento do nosso maior patrimônio — a nossa juventude, e eu
estou assustado! Estou entendendo o grito de Jeremias nas ruas de Jerusalém:
“Violência, violência”! (Jr 20.8; 21.7.). Não tenho o propósito de achar os
responsáveis para tal estado de desgraça, mas quero falar das minhas suspeitas
sobre o que julgo serem as causas maiores.
Sou pastor e a
minha teologia ensina que a natureza humana é animal, terrena e diabólica (Tg
3-15), que todo homem tem uma propensão para o erro e que basta algum estímulo
e a nossa “carnalidade” se aflora. Sendo assim, estamos sujeitos ao que o
apóstolo Paulo chamou de “obras da carne” (Gl 5.19), que na sequência se
conceitua como prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias,
inimizades, porfias, ciúmes, iras, pelejas, dissenções, facções, invejas,
bebedices, orgias e coisas semelhantes a estas. Basta abrir o jornal da cidade
que também ali encontraremos o que acabamos de citar.
Mas a Bíblia cita também
um agente que estimula o serviço de nossa natureza pecaminosa; ela fala que
Satanás é um espírito que atua nos filhos da desobediência (Ef 2.2), produzindo
uma geração gananciosa, amante de si mesma, presunçosa, soberba, blasfema,
desobediente aos pais e mães, ingrata, profana, sem afeição natural,
irreconciliável, caluniadora, sem domínio de si, cruel, sem amor para com os
bons, traidora, atrevida, orgulhosa, amiga dos prazeres, inimiga de Deus (2 Tm
3.1-4).
Satanás, no entanto, usa
instrumentos materiais para influenciar a violência da nossa geração.
Diga-me o leitor com
toda sinceridade o que se espera de alguém que passa a adolescência vendo na TV
e nos cinemas inúmeras cenas de violência? Quem está imune para ver diariamente
dezenas de assassinatos, centenas de tiros e atos de violência?
Qual espírito juvenil
pode construir uma barreira moral na sua mente quando é bombardeado diariamente
por crimes cada vez mais bárbaros? Há sangue na TV, tem gente sendo queimada,
surrada, decapitada, castrada, aberta ao meio, explodida. Os nossos
adolescentes e jovens estão vendo gente ser eliminada como se fosse objeto,
valendo menos que uma árvore. Tem gente do outro lado da tela que não se
importa se os nossos filhos vão sair numa dessas noites e repetir o que eles
ensinaram durante anos.
Tem gente do outro lado
da tela enriquecendo à custa da destruição de nossas famílias. Há um espírito
diabólico por trás de tudo isso.
Quero ensaiar uma resistência
e convocar você para descobrir comigo uma forma de ação. Sinceramente, não
acredito que devamos ficar passivos quanto a tudo isso. A violência urbana, a
violência das ruas, é problema meu e seu também.
Creio em Deus, creio na
Bíblia e na oração, mas creio também no esforço de pessoas sinceras, creio nos
pais que querem ter paz quando sabem que seus filhos estão brincando nas
calçadas e ruas de nossa cidade.
Creio na restauração de
nossa cidade, creio no esforço coletivo, creio no cooperativismo sábio e com
ideais, creio em mudanças. Por isso quero apresentar algumas propostas:
1) Proponho que
comecemos uma grande cruzada de oração por nossos filhos. Que os pais sejam
verdadeiros “sacerdotes” do lar e apresentem seus filhos a Deus, em casa e em reuniões
na igreja feitas exclusivamente para isso. Que os pastores criem a “oração da
juventude”, que as nossas uniões femininas se mobilizem para a oração sincera e
preciosa aos olhos do Senhor, a oração pelos filhos. Oração sim, violência não.
2) Proponho que nossos
jovens comecem uma cruzada em favor da paz, do desarmamento, da oração da
juventude. Em nome de Jesus boicotem os filmes de violência e de sexo
explícito, não sustentem as locadoras, sustentem os missionários. Que façam um
compromisso de, em 98, gastar com a obra missionária o mesmo que gastaram com
os filmes no ano passado.
3) Proponho aos pastores
que promovam passeatas pela paz, ofereçam Bíblias em troca de armas, doem
versões infantis da Bíblia em troca das armas de brinquedos das crianças.
Promovam gincanas, festas da paz e esperança. Espalhem cartazes pela paz.
Procurem a paz na cidade (Jr 29.7).
4) Proponho que os
irmãos incentivem as autoridades de sua região e cidade a promoverem o
desarmamento da população. Que mandem artigos para os jornais locais, falem no
Rádio e na Televisão. É o mutirão da paz.
5) Proponho que nossas
igrejas criem mecanismos (peças teatrais, coros infantis, jornais, jograis
etc.) para mostrar às pessoas que “bem-aventurados são os pacificadores porque
serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9).
6) Finalmente, proponho
que mantenhamos firme a esperança de que mesmo este mundo indo de mal a pior (2
Tm 3.13), nós podemos influenciar a nossa geração a conhecer aquele que é
chamado de “O rei da Paz”, que tem o evangelho de paz (Ef 6.15); não nos
esquecendo, no entanto, de que a paz perfeita e eterna só encontraremos nos
novos céus e na nova terra, onde habita a justiça (2 Pe 3.13).
Pr.
Luiz César Nunes de Araújo.