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A Vocação de todos os Crentes e a Vocação para o Ministério




INTRODUÇÃO

 O Dicionário define vocação como a ação ou efeito de chamar; chamamento; escolha, predestinação (Dicionário Lutf). Na Bíblia o termo vocação aparece 10 vezes e apenas no Novo Testamento (Rm 11.29; 1 Co 1.26; 7.20; Ef 4.1; 4.4; Fp 3.14; 2 Ts 1.11; 2 Tm 1.9; Hb 3.1; 2 Pe1. 10).
Conforme Hans Wolf a vocação pode ser definida assim:

Vocação é a nossa resposta ao chamado de Deus para o cumprimento de uma determinada missão no mundo, quer seja temporária ou permanente. Convocação esta que pode acontecer em qualquer época da nossa vida, para uma execução de uma tarefa definida dentro do escopo da ação redentora de Deus (Antropologia do Velho Testamento).
Em todas as vezes que aparece o termo vocação parece fazer menção a dois grupos: todos os crentes, que são chamados para a salvação, e aos que são chamados para um ministério específico. Vejamos então estas duas faces da vocação:

I- A VOCAÇÃO DE TODOS OS CRENTES.

Todo salvo deve se considerar uma pessoa vocacionada inicialmente para a salvação. Este é o sentido das palavras de Paulo em Efésios 4.1… Que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados. No mesmo sentido Ele chama a atenção dos irmãos em Corinto advertindo que reparassem sua na vocação e reparassem que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento (1 Co 1.26). Esta vocação, este chamado para ser salvo, é o que de mais especial pode acontecer a uma pessoa. Paulo a chama desoberana vocação, cujo fundamento é o próprio Céu (Fl 3.14). É o mesmo sentido das palavras do autor aos Hebreus que ensina que os crentes participam da vocação celestial (Hb 3.1). Esta vocação é fruto de uma eleição, um chamado de Deus para os que serão salvos (2 Pe 1.10).

Em um outro aspecto, todos os salvos também são vocacionados para o serviço. Neste sentido podemos interpretar as palavras de Pedro na sua Primeira Epístola (2.9,10), como um chamado especial para que o povo que alcançou a misericórdia de Deus para a salvação proclame as virtudes de Deus com a mesma responsabilidade de Israel, visto que agora, os salvos são a raça eleita, nação santa e povo de propriedade exclusiva de Deus. Assim, cada salvo, além de ser chamado para a salvação, o é também para o serviço. Diferentemente do tempo do Antigo Testamento, onde somente os sacerdotes ministravam os ofícios do Tabernáculo e do Templo, no Novo, todos os salvos são convocados para o serviço.

A Reforma Protestante resgatou a doutrina do sacerdócio universal de todos os salvos, estabelecendo um serviço igualitário a todos nós.  Segundo Martinho Lutero os leigos, sacerdotes, bispos, no fundo verdadeiramente não têm qualquer diferença senão em função do cargo ou da ocupação e não pela sua classe, pois todos eles são de classes espirituais,
Autênticos sacerdotes, bispos e papas. Contudo, nem todos têm a mesma ocupação, assim também entre os sacerdotes nem todos tem a mesma ocupação.

Somos sacerdotes não no sentido de fazer uma intermediação entre o homem e Deus, mas no sentido do serviço. Nós servimos a Deus servindo aos homens. Quando se trata de dons espirituais cada um de nós tem pelo menos um e este dever ser colocado à disposição do Senhor e de sua igreja. Não faz parte do espírito do Novo Testamento uma pessoa servir ao Senhor apenas como um ouvinte, um contemplador, um assistente. O verdadeiro salvo quer servir, quer colocar a mão no arado, quer oferecer sacrifício “vivo” ao Senhor.

II- A VOCAÇÃO ESPECIAL PARA O MINISTÉRIO.

Conforme bem descreveu Gene Veith, o conceito de sacerdócio universal da Reforma não denigre de forma alguma o ofício pastoral, como geralmente se pensa, nem ensina que os pastores e cooperadores da igreja são desnecessários, tampouco afirma que cada pessoa pode apresentar sua própria teologia. Pelo contrário, ela ensina que o ofício pastoral é uma vocação, um chamado de Deus com sua autoridade, suas responsabilidades específicas e suas bênçãos (Deus em ação – Cultura Cristã, p.15).
Não podemos negar, especialmente observando o ministério de algumas pessoas na Bíblia, que exerceram ministérios específicos, que não exista o que podemos chamar de vocação especial para o ministério.  O que dizer de Samuel, Moisés, Elias, Jeremias, Isaías, Daniel, Pedro, Paulo, Timóteo? Todos eles desenvolveram ministérios exclusivos para os quais foram chamados com uma clareza solar.

Todos os crentes podem pregar, no entanto existem aqueles que são separados para este propósito especial. Estes são os que presidem a igreja e se afadigam, mais que os demais para o ensino (1 Tm 5.17). Todos os salvos devem compartilhar a Palavra, mas existem os separados para um projeto missionário especial (Atos 13.1,2).

Já na época da reforma Calvino ensinava que o governo da igreja, por exemplo, deveria ser exercido por pessoas vocacionadas para este fim. Dizia ele:

Para que não se introduzissem temerariamente homens inquietos e turbulentos a ensinar ou a governar, o que de outra sorte haveria de acontecer, tomou-se precaução expressamente a que alguém não assuma para si ofício público na igreja sem a devida vocação. Portanto, para que alguém seja considerado verdadeiro ministro da igreja, primeiro importa que tenha sido devidamente chamado (Hb 5.4); então, que responda ao chamado, isto é, empreenda e desempenhe as funções a si conferidas (As Institutas).
Lutero, no mesmo sentido nos instrui:

A vocação não deve ser assumida levianamente, pois não é o suficiente que uma pessoa tenha conhecimento. Ele precisa estar certo de haver sido devidamente vocacionado. Aqueles que exercem o ministério sem a devida vocação almejam bom propósito, mas Deus não abençoa os seus labores. Eles podem ser bons pregadores, mas não edificam (Comentário aos Gálatas).
Como podemos então entender esta vocação especial para o ministério cristão? Em outras palavras, como podemos saber se uma pessoa está sendo vocacionada para um ministério especial?

1- Um desejo Intenso, continuado e repetido.

O que julga que está sendo vocacionado para o ministério especial, seja para o pastorado, missões ou qualquer outro fim, deve fazer uma leitura de seu próprio coração e averiguar se sente um grande desejo de fazer o trabalho de Deus. Ensina-nos Spurgeon:
Se vocês não sentem o calor sagrado, rogo-lhes que voltem para casa e sirva a Deus em suas respectivas esferas. Mas se, com certeza, as barras de zimbro chamejam por dentro, não as apaguem “(Lições aos meus alunos)”.

Este desejo deve ser continuado, sempre frequente. Não pode ser algo que só acontece em tempos de retiros espirituais ou conferências de consagração, etc. A voz de Deus deve ser constante no coração do que é chamado ao ministério especial. Este é o sentido de 1 Tm. 3.1 onde afirma estar presente no coração do que almeja ao episcopado, uma aspiração celestial pois diz: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.
Neste sentido Calvino nos ajuda:

Portanto, é aparentemente absurdo que os desejos humanos antecipem a vocação divina. Porém, Paulo está falando de um desejo piedoso que os homens consagrados possuem, ou seja, aplicar seu conhecimento da doutrina para a edificação da igreja.
Jedeías Duarte acrescenta o seguinte comentário.

O chamado interno para o sagrado ministério decorre de um amor a Deus que crescentemente leva o vocacionado a amar as almas dos pecadores, inquietando-se pela ausência de obreiros suficientes para fazer a colheita no seu momento da história e vendo a cada ação dentro do tempo uma confirmação gradual da sua vocação tanto na vitória sobre os obstáculos quanto na percepção genuína da grandeza da sua vocação. (Revista Fides Reformata).
O chamado é constante e repetitivo, como no caso de Samuel, que ouve a voz de Deus insistentemente, que só cessa após ser atendida (1 Sm 3).

Deus chama insistentemente o menino Samuel quatro vezes (v. 4, 6, 8,10), e o chamaria cem vezes se fosse necessário). Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, nos ensina Paulo (Rm 11:29). Neste texto Paulo fala do chamamento de Israel, de sua vocação espiritual, mas por extensão fala do seu chamamento a cada um de nós.

Ele não desiste, pois não desistiu de chamar e usar Jonas, quando este, após ouvir seu chamado se dispôs a fugir. Na hora certa ele estava em Nínive cumprindo a vontade de Deus. Ele não desiste até ver sua vontade executada.

É esta convicção interior que levará o vocacionado a perseverar em seu ministério mesmo quando este se mostrar difícil. João Batista é um dos melhores exemplos do que significa ter convicção de seu chamado em face das barreiras, e no seu caso, diante da morte. E João 1.6, lemos: “houve um homem enviado por Deus cujo nome era João”. Deus queria que esse homem fosse o que foi, que falasse o que falou, que vivesse como viveu.

Esta convicção de que, nós somos enviados por Deus, que Deus tem um plano através de nós, nos move, nos direciona, e nos enche de paixão pelo trabalho de Deus.

Não é tarefa fácil definir se a voz que nos fala é de Deus ou dos homens. Moisés é o típico caso de alguém que relutou muito antes de tomar o seu lugar no ministério de Deus. Ele argumentou sobre a sua fragilidade diante de tão grande missão (Êx 3.11,12), a sua dificuldade em provar ao povo que Deus de fato o tinha chamado e finalmente a sua incapacidade na área de comunicação (Êx. 3. 1-22). Somente depois de vencidas todas estas questões, ele se dispõe.
Após esta etapa nos ajuda Hannah Smith:

Ele tomará posse de nosso querer e operará por nós; e que as suas sugestões nos virão, não tanto como ordens externas, mas como desejos que brotem do interior… Ele escreve suas leis em nossos corações e em nossas mentes, de modo que a nossa afeição e nosso entendimento as abraçam, e somos atraídos para obedecer, em vez de sermos impelidos a isso (O Segredo para uma vida feliz).

2- Uso dos dons ministeriais.

Uma pessoa chamada para o ministério deverá apresentar alguns dos dons ministeriais descritos em Efésios 4.11, que diz:

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres.

Aqui temos identificadas as várias facetas de um ministério especial. Apóstolos (missionários), Profetas (pregadores), Evangelistas, Pastores e Mestres. Uma pessoa vocacionada dará sinais visíveis de um ou mais destes dons. Há quem entenda que todos estes cinco dons devem, em maior ou menor proporção, estar presente em todos os chamados para o ministério especial.
Quando, aqui no Seminário, um candidato se apresenta para a entrevista com a finalidade de ingressar em um de nossos cursos, fazemos algumas perguntas que consideramos essenciais que são: O que você está fazendo na sua igreja local? Qual o seu ministério agora? Quais são os seus dons e a sua disposição de usá-los antes de vir para o Seminário?
Dificilmente aceitaríamos alguém que não tenha dado sinais positivos de serviço efetivo e uso dos dons ministeriais. O Seminário não concede dons ao aluno, mas ajuda aquele que já os tem, a desenvolvê-los.

3- O Reconhecimento da Igreja Local

Jedeías nos ajuda novamente afirmando que além da convicção interna do chamado para o ministério é necessário o reconhecimento da igreja, que, ao aferir as evidências do chamado através dos dons, habilidades e testemunho do futuro ministro, reconhece o seu chamado e cita Veith:

A igreja é o mecanismo externo da vocação. O chamado possui características comunitárias e corporativas; sempre o chamado ultrapassa o próprio indivíduo; o chamado é confirmado através da igreja; essa confirmação que acontece primeiramente na consciência pessoal do vocacionado, acontece também no seio da igreja na qual foi chamado, tornando claro o chamado para o ofício eclesiástico e neste, o ministério pastoral. Esse mesmo chamado é assistido pela Igreja; a gestação de uma vocação para um ofício acontece no ventre da igreja, no convívio da comunidade local (Fides Reformata).

Apenas uma igreja doente não será capaz de reconhecer o chamado de Deus para um de seus membros. Caso contrário, ela saberá distinguir a voz de Deus chamando os seus para o trabalho. Em Atos 13.1-3 vemos a igreja de Antioquia respondendo a Deus positivamente na questão da separação e envio daqueles que já eram, reconhecidamente, seus ministros. A igreja não tomou a decisão de enviá-los ao campo, mas reconheceu neles a vocação e entendeu o chamado de Deus para suas vidas. Haverá sempre um “Eli” para dizer: É Deus quem chama o menino (1 Sm 3.8).

Há muitas vezes falhas na identificação da voz de Deus por parte do homem, como aconteceu na chamada de Samuel: nas três primeiras interpelações de Deus, houve falha no reconhecimento por parte de Samuel (I Sm. 3:1-8), exatamente porque Samuel “ainda não conhecia a voz do Senhor” v.7. Somente depois do auxílio de alguém, no caso o sacerdote Eli, ele pôde, na quarta interpelação, reconhecer a chamada divina (3:10).

4 – O uso das Escrituras Sagradas.

Ainda que não seja usual hoje em dia o Senhor fazer uma chamada usando diretamente as Escrituras, estas deverão ser o crivo para toda decisão importante do que está sendo vocacionado.
Uma direção especial para uma pessoa deverá obedecer aos princípios e critérios do que já estão revelados na Bíblia. A decisão não pode contrariar o que a Palavra de Deus nos ensina como certo. Não há melhor bússola para seguirmos do que ao que Deus já revelou.

5- O respeito às diferentes forma de chamada, circunstância e propósito.

Como bem descreveu Jowett, ninguém pode definir ou descrever a outrem a aparência e a forma da vocação divina… A natureza das circunstâncias da nossa vocação a torra distinta e original.
Observemos como Deus age para que cada chamada seja única e especial.

PESSOAS CHAMADAS
CIRCUNSTÂNCIAS
PROPÓSITO
1. Abraão
Acomodação em Ur
Formação de uma nação para ser uma bênção para todas as famílias da Terra.
2. Moisés
Escravidão no Egito
Libertação do povo
3. Gideão
Malhando o trigo no lagar – ameaça dos midianitas.
“Ferirás os midianitas”
4. Samuel
Auxiliar no templo
Dormindo no templo
Julgamento do sacerdócio e confirmação como profeta
5. Isaías
Desvios de Judá e Jerusalém – Visão do Senhor entronizado no templo.
Condenação do pecado do povo e ameaças externas
6. Amós
Pastoreando o rebanho em Tecoa
Profetizar contra as transgressões do povo e as ameaças externas.
7. Davi
Pastoreando o rebanho de ovelhas
Ser rei sobre o povo de Israel
8. Paulo e
Barnabé
Servindo o Senhor na Igreja – Jejuando e orando. O Espírito Santo separa e envia
Testificar de Jesus e evangelizar

Conquanto toda vocação tenha o seu aspecto comum e geral, visto que é o mesmo Deus quem chama, ela tem peculiaridades advindas deste mesmo Deus que é multiforme em sua sabedoria e graça (Efésios 3.10). Daí entendermos a diversidade dos dons e dos serviços por Ele preparados.

6- A Necessidade de alimentar a vocação.

A vocação ministerial é o maior privilégio que uma pessoa pode experimentar sobre a face da terra, no entanto não é uma tarefa desprovida de dissabores. Vida e obra se misturarão, tornando uma só pessoa, fazendo assim com que o serviço se torne parte da realização pessoal do servo de Deus. Não haverá intervalo entre o homem e sua obra e ambos têm um inimigo em comum, Satanás, que trabalhará para infligir ao que é chamado, um espírito de desânimo, medo, e sentimentos semelhantes. A vara precisará sempre estar ligada à videira para extrair a seiva de que necessitará para fazer o trabalho de Deus (Jo 6.57). Deus deverá sempre ser o propulsor de nossos ministérios e vidas. Sem ele nada poderemos fazer (Jo 15.5). Muitas forças concorrerão para o desvio da chamada, no entanto há provisão divina para corrermos a carreira cristã e esta passa pelo olhar ininterrupto à pessoa de Jesus (Hb. 12. -1,2). A carreira somente poderá ser completada se olharmos firmemente para o autor e consumador de nossa fé. Neste mesmo sentido ouçamos Esli Faustino:

Um caso clássico e sempre lembrado por todos nós é o caso de Jonas que chamado por Deus e comissionado para ir a Nínive, toma o barco na direção errada, paga a passagem do próprio bolso, vai parar no porão de um navio e acaba sendo atirado nas profundezas do mar como resultado da desobediência à voz de Deus. Vemos pelo exemplo de Jonas que o caminho da fuga leva sempre para baixo. É um caminho perigoso. Quando Deus chama e envia, Ele mesmo, paga a passagem, mas quando tomamos o caminho da fuga pagamos a passagem do próprio bolso (Jn. 1:3); – Quando Deus chama, Ele mesmo, coloca-nos sobre a torre de vigia, em um lugar alto (Hab. 2:1), mas quando fugimos, acabamos em um porão, dormindo profundamente (Jn. 1:5); – Quando Deus chama, Ele mesmo, protege contra a fúria do mar, quando, porém, fugimos, somos atirados dentro do mar agitado (Jn. 1:15). (Apostila – SETECEB).
Há tantas barreiras que podem tirar do vocacionado a sua motivação: Falta de sustento e privações materiais (Fl 4.11), sofrimentos advindos de abandonos (2 Tm 4.9-14), lobos vorazes que atacam o rebanho (Atos 20.29-30), perigos e sofrimentos físicos (2 Co 11.23), ameaças (Jr 29.26-29), e muito mais.

Ouçamos ainda Faustino:
A Bíblia mostra-nos também que em face da natureza da missão e dos conflitos com a realidade do mundo presente, caracterizado como um sistema oposto ao governo de Deus (I Jo. 5:19, Mt. 4:8-9, Jo. 14:30, 16:11), frequentemente os enviados são possuídos pelo sentimento de deserção da responsabilidade: Moisés pede ao Senhor para riscar o seu nome do livro divino (Ex. 32:32); Elias sentindo-se derrotado procura um refúgio na caverna tentando salvar a sua própria vida (I Rs. 19:3-4); Jonas irritado pede o fim de sua vida (4:1-3); Jeremias depois de reconhecer que foi dado à luz um homem de rixa (15:10), amaldiçoa o dia do seu nascimento (20:14-18).(Apostila – SETECEB).

E Finalmente devemos destacar que em última instância todo sofrimento de nosso ministério provém da natureza da nossa vocação, que é ligada a Cristo. Sofremos por Cristo, com Cristo e em Cristo (Lucas 6.22). É o nome dele que está em foco, não o nosso (Mc 13.13; Jo 15.21).
A vocação ministerial será alimentada pela ligação com Deus na pessoa de seu filho. Este é o sentido das palavras de Paulo: O amor de Cristo nos constrange (2 Co 5.14). Assim, ligado a Cristo poderemos dizer como o mesmo apóstolo:

“Mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” At. 20:24.
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” II Tm. 4:7, 8a.

CONCLUSÃO

Conquanto seja claro que Deus tem um chamado especial para alguns de sua igreja, estes não são maiores, nem menores, no plano de Deus para o seu povo. Que cada um veja neste oficio de sacerdote a responsabilidade de ministrar aos irmãos, de orar por eles e com eles; de instruir pessoas na Palavra de Deus; de ajudar em suas fraquezas; de conduzir pessoas a Cristo; de ser instrumento de Deus para abençoar vidas. Todos os salvos devem servir a Deus com dedicação, como quem deita em um altar e se consagra totalmente (Rm 12.1-2); Para os que são chamados para um ministério especial a responsabilidade parece ser maior, pois como disse o próprio Senhor Jesus, a quem muito foi dado, muito lhe será cobrado (Lc 12.48.).

Que todos nós possamos dizer as palavras de Stanley Jones:
Minha vontade e a vontade de Deus não são coisas diferentes, nem estranhas. Quando encontro a vontade dele, acho a minha própria vontade. O pensamento de que a vontade de Deus está na mesma linha daquilo que nos desagrada é falso. A vontade de Deus é sempre o nosso interesse supremo. Não pode ser doutra maneira, e Deus é Deus. (O Caminho).

O fato é que o Senhor Jesus nos escolheu e nos designou para que produzamos muitos frutos e frutos que tenham um impacto eterno (João 15.16).
Como Deus não fica devendo nada a ninguém, há recompensa pelo serviço prestado ao Senhor.
Esli Faustino analisando João 4.36 -O ceifeiro recebe desde a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna; e destarte se alegram, tanto o semeador como o ceifeiro- nos ensina o seguinte:

Esse versículo faz três grandes afirmações: 1. Existe uma recompensa aqui e agora para os ceifeiros ou enviados do Senhor. Naturalmente que nada substitui a consciência do dever cumprido. Antes de tudo esta recompensa é interior e diz respeito ao nosso relacionamento com Deus no foro íntimo da nossa consciência. A mesma promessa está incluída por Jesus na palavra dos discípulos a respeito da recompensa que teriam por abandonar tudo e seguir a Jesus (Cf. Mc. 10:28-30); 2. Existe uma recompensa futura – “entesoura para a vida eterna” – o próprio exercício da missão é considerado como lançar no tesouro reservas diante de Deus para a vida futura no céu; 3. Existe um regozijo mútuo – “alegram-se tanto o semeador como o ceifeiro” – o próprio trabalho traz alegria e segundo a Bíblia provoca comoções de gozo até no céu (Lc. 15:9-10). Essas afirmações levam-nos a indagar sobre a natureza do serviço que prestamos a Deus bem como a natureza do serviço prestado (Apostila – SETECEB).

APÊNDICE II – DOIS DEPOIMENTOS HISTÓRICOS

1- Rev. Archibald Tipple

“A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Efésios 3:8).
E o ilustre pregador (sem jamais me conhecer, antes ou depois de sua pregação), tendo anunciado este texto básico de seu sermão, procedeu, sem misericórdia, a desmanchar, uma por uma, as minhas “boas razões”, por que seria impossível para eu ir ao estrangeiro como missionário. (…)
Embora o meu interesse na causa missionária aumentasse cada vez mais, concluí que me seria impossível ir ao estrangeiro como missionário. Certamente eu estava determinado a fazer todo possível em prol desta causa tão nobre. Talvez adquirisse uma casa comercial, como um ex- colega fizera, e então consagrasse uma boa porcentagem dos lucros a este fim. Ir pessoalmente? Isto não! Pois eu não tinha nenhum dom para qualificar-me à tão sublime serviço. Não é impossível que o fato de eu estar apaixonado por uma moça da igreja estivesse me influenciando nesta decisão! Esta ocupava lugar de grande confiança na vida da igreja, sendo quase a mão direita do amado Dr. Holden. Naturalmente, ela nunca iria ao estrangeiro como missionária. (…)
Se fosse o nosso ministro o pregador naquela ocasião memorável, ainda teria sido possível que ele falasse a mim daquela maneira, pois me conhecia intimamente; porém, quando aquele pregador estranho esquadrinhou o meu coração e, tomando as minhas “boas razões”, uma por uma, mostrou-me serem apenas desculpas e subterfúgios, tornou-se bem claro que, quem falava não era ele próprio, e sim, o Espírito Santo. Fiz minha rendição completa e incondicional.
(Rev. Archibald Tipple – Bandeirantes da Bíblia no Brasil Central pags. 3,4).

2- Frederico Glass

“Acreditei no Senhor Jesus como meu Salvador pessoal, e, ao levantar-me era já um pecador perdoado, nova criatura em Jesus Cristo, no dia 20 junho de 1897”.
Depois desse momento comecei a sentir que havia sido salvo para objetivo mais alto e maior do que as experiências auríferas e sua refinação, e senti também que Deus tivera um propósito especial quando me trouxe ao Brasil.

Não possuía o preparo necessário para o trabalho de evangelização não era douto bastante na língua portuguesa; era muito tímido, e finalmente, me sentia incapaz de enfrentar as lutas e privações que, bem sabia, faziam parte da vida de qualquer verdadeiro missionário. (…) escondi-me, contudo atrás do contrato… Até lá talvez o Senhor não precisasse dos meus serviços… Esta atitude que tomei Deus não a poderia honrar… Fui envenenado violentamente com hidrogênio. Fui levado para o hospital para morrer… Entre envenenados, como fui, raramente se salva um em cada cem… Sem estar preso a contrato e depois de difícil e considerável luta interna, eu abdiquei… Quiseram renovar meu contrato, mas não consenti. Deixei a mina sem mesmo saber o que poderia fazer e para onde iria… O caminho abriu-se imediatamente à minha frente. As dificuldades que julgava do tamanho de montanhas e como tal insuperáveis, desapareceram como névoa fina, ficando provado que todas as minhas dúvidas eram ridículas, porque o Senhor me tomara para si… Descobri, em seguida, que possuía uma grande dádiva de Deus, verdadeira capacidade para vender Bíblias, coisa em que antes jamais pensara. Foi essa a época mais feliz da minha vida.

(Frederico Glass – Aventuras com a Bíblia no Brasil).
                                                                                                                                                                                   Pr. Luiz César de Araújo.






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A Vocação de todos os Crentes e a Vocação para o Ministério
Pr. Luiz César
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