Filipenses 3.1-7
INTRODUÇÃO-
Uma igreja como a nossa, histórica, que por ter muitos anos teve e tem as suas
lutas, suas crises, seus reveses, pode encontrar em Deus, alegria e segurança.
Como a nossa igreja e cada família da igreja e mesmo cada indivíduo pode
absorver de Deus, alegria e segurança.
Uso os dois termos
“alegria e segurança” sendo fiel ao que Paulo indica aqui bem no início do
capítulo 3.
O Espírito Santo inspirou a Paulo para usar aqui estas duas palavras.
Elas não são aleatórias, impensadas, pelo contrário, elas seguem aquilo que
Paulo disse em 2 Tm 3.16, que diz que toda Escritura é inspirada por Deus.
Vejamos como estas palavras se equilibram. A alegria é mais
espontânea, mais tranquila, mais liberal; a segurança é mais rígida, mais
cuidadosa. Que equilíbrio maravilhoso. Sentir-se feliz e seguro ao mesmo tempo.
Aliás esta alegria responsável é o propósito de Deus para nós. Nossa alegria
não está baseada em fundamentos temporais. Paulo agora nos apresenta algumas
condições para que tenhamos uma alegria segura ou uma segurança alegre:
- A OBSERVAROS FIRMES FUNDAMENTOS.
O velho apóstolo ensina que o primeiro passo para ser feliz e seguro espiritualmente é não se
aventurar em uma nova doutrina. Ele chama a atenção para “as mesmas
coisas”, ou seja, a mesma doutrina de sempre, o mesmo fundamento, o mesmo
ensino.
Segundo ele, se ele falasse algo diferente, não traria segurança e nem
alegria alguma. A segurança está em permanecer no que já aprenderam, isto é, se
aprenderam certo. Este é o sentido das palavras que proferira a Timóteo:
...Permanece.
Em Gálatas 1.8 o mesmo Paulo nos adverte a que não nos demovamos do
verdadeiro evangelho mesmo que um anjo ou ele mesmo, Paulo, se apresentasse com
uma palavra diferente da que estava falando agora:
Gl 1.8. Mas, ainda que nos ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue
evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.
Às vezes
não somos enganados por alguém desconhecido, que vem de fora, mas os de dentro
muito pode nos prejudicar. Paulo nos adverte quanto ao cuidado
que devemos ter com uma nova doutrina trazida por anjos (que conforme alguns
trouxeram novas revelações), ou por obreiros reputados como seguros (que com o
passar do tempo perderam a pureza doutrinária e a santidade pessoal).
Devemos ficar firmes no que aprendemos dos fundamentos da fé, do ensino,
do discipulado, da Escola Dominical. Esta firmeza dá segurança e alegria;
alegria e segurança.
- ACAUTELAR-SE DE HOMENS E DOUTRINAS FALHAS
No verso 2 Paulo nos dá uma nova orientação para sermos felizes e
seguros; seguros e felizes em nossa vida espiritual: ter cautela em
três situações: em relação aos cães, aos maus obreiros, e em relação a
falsa doutrina. Aqui há uma tríplice repetição de um verbo grego cujo nome é
“blepete”, que quer dizer: olhar com atenção, observar bem, considerar.
E o que devemos olhar com muita atenção?
Em primeiro
lugar estão os Cães: O que significa esta expressão na
Bíblia? O Salmo 22 nos dá uma direção. Ali se diz: “cães me cercam”, “uma súcia
de malfeitores me rodeia” (v.15). O Salmo 22 é um salmo messiânico; ele aponta
para a cruz. Ali Jesus se foi rodeado de pessoas ferozes, gente sem escrúpulo
algum, gente de palavras duras e violentas.
Talvez este seja o significado da palavra “cães”. O mesmo sentido temos
em Apocalipse 22.15, onde se diz que fora do céu ficarão os cães, e os une aos
feiticeiros, impuros, assassinos, idólatras, e todo aquele que pratica e ama a
mentira. Neste sentido Paulo está dizendo: se queremos ser felizes e seguros
espiritualmente, demos tomar cuidado com as pessoas que agem com estas
características citadas. A união com gente assim, trará tristeza e insegurança.
Em segundo
lugar os maus obreiros – Paulo acabara de falar de dois bons
obreiros (Timóteo e Epafrodito). A estes os Filipenses deveriam receber e
honrar (2.29), mais alguns são tão maus que não devem ser recebidos, mas
tratados com cautela.
E o que é
um mau obreiro? Deixemos que Paulo mesmo responda:
- Ele pensa
apenas nos seus próprios interesses (2.21).
- Eles são
fraudulentos, isto é, não são honestos (2 Co 11.13 – Porque os tais são falsos
apóstolos, obreiros fraudulentos).
Vejam aqui duas características de obreiros maus: Pensam somente no que
é deles (pecado financeiro), são fraudulentos (agem com mentira e falsidade em
tudo o que fazem).
O que devemos fazer em relação a eles? Ter cautela, prestar
atenção, observar. Não confiar em gente assim é um caminho para alegria e
segurança, para segurança e alegria.
Em terceiro
lugar está a falsa doutrina - circuncisão. No contexto de
algumas igrejas fundadas por Paulo temos uma luta contra os que ensinavam que
os novos crentes precisavam se circuncidar. Esta luta doutrinária está revelada
também em
Rm 2.25-29:
Porque a circuncisão tem valor se praticares a lei; se és, porém,
transgressor da lei, a tua circuncisão já se tornou incircuncisão. Se,
pois, a incircuncisão observa os preceitos da lei, não será ela, porventura,
considerada como circuncisão? E, se aquele que é incircunciso por natureza
cumpre a lei, certamente, ele te julgará a ti, que, não obstante a letra e a
circuncisão, és transgressor da lei. Porque não é judeu quem o é apenas
exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele
que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não
segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.
Gl 5.2-4:
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois,
firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Eu, Paulo, vos
digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. De
novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a
guardar toda a lei. De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos
na lei; da graça decaístes. Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança
da justiça que provém da fé. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão,
nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.
Paulo não aceita esta confiança espiritual baseada em uma espécie de
mutilação do corpo, em um sacrifício físico. Paulo se apresenta como uma
pessoa que já andou pelo caminho da confiança na carne, mas que não lhe trouxe
resultado algum (v.4-6.).
Ainda hoje temos os que ensinam os crentes a confiarem em seus esforços,
suas promessas e votos, seus sacrifícios, suas penitências propósitos
especiais, e coisas semelhantes. Não há lucro e nem vantagem alguma nestas
coisas diante da graça maravilhosa encontrada em Cristo Jesus. A graça não
anula o esforço, os jejuns, a consagração, mas estas coisas, por si só, nada
significam. A pregação judaizante, sabática, que condiciona as bênçãos de Deus
ao esforço da carne deve ser observada com cautela. Muito do velho
judaísmo parece ressuscitar ainda hoje.
Tem sido comum em nossos dias, algumas igrejas evangélicas adotarem
práticas descritas no Antigo Testamento, comuns no judaísmo, mas não no
cristianismo. É uma espécie de judaização da igreja. Pessoas não judias estão
vivendo como se as fossem. Igrejas evangélicas estão tendo como utensílios o
Candelabro; estão tocando Shofar, estão denominando seus líderes de Levitas e
Profetas; estão fazendo cerimônia de consagração dos filhos mais velhos
(Cerimônia do bar barakah); celebrando páscoa, instituindo conferências
proféticas, e coisas semelhantes. ) Paulo nos orienta a não seguirmos nos seus
caminhos. Eles não conduziram Paulo à salvação, por isso ele os abandonou. Por
que motivo conduziriam os crentes agora a um lugar seguro e feliz?
- CONHECER A CRISTO.
Paulo
termina este parágrafo apontando para o verdadeiro caminho da segurança e
felicidade: Cristo. Dos versos 7 a 11 ele não tem outro assunto a não ser o Senhor Jesus.
E o que Ele nos ensina sobre o Senhor Jesus? Analisemos apenas até o verso 07 e
deixemos do 7 ao 16 para uma próxima mensagem. Tal passagem já aponta para uma
mensagem única e maravilhosa que apenas podemos iniciar no verso 07.
Quem
encontrou Jesus já tem a segurança e a alegria que ninguém pode tirar. Cristo do começo ao fim, esta é a doutrina de Paulo que jamais mudaria
durante toda a sua vida. Ele é o tesouro precioso pelo qual vale a pena viver e
morrer. Por causa dele, diz Paulo, toda a sua experiência religiosa (v.4-6),
perderam o sentido. Quando alguém tem um encontro pessoal com Jesus;
quando alguém se abre para esta salvação eterna, o resultado é o que Paulo cita
no verso 1: alegria e segurança.
Paulo, conquanto tenha tido uma vida tão sofrida, em função da pregação
do Evangelho, se entcontrava seguro e feliz; feliz e seguro. A sua
religiosidade não trouxera a ele a riqueza que havia encontrado em Jesus.
Muitos outros tiveram a mesma experiência: a Samaritana; Martilho Lutero, você
e eu.
Pode ser que haja entre nós alguns que não se sentem seguros e felizes;
felizes e seguros em Deus. Cada um pode analisar seu coração, seus pressupostos, seus valores, sua
alma. Se não encontrar este alegria e segurança, podeem adquirí-los agora
mesmo, em Cristo. Se alguém já é crente talvez precise
de uma renovação de compromisso, de um novo propósito, de uma nova
consagração. Talvez hája aqui quem precise é de um encontro pessoal e
maravilhoso com este que Paulo chama de “sublime”.
Conclusão – Paulo está na prisão, mesmo assim ele nos orienta quanto a um caminho
feliz e seguro. Como pode um prosioneiros ter esta preocupação. Ele está preso,
mas seguro e feliz. O lugar mais seguro da terra é na presença de Deus. Não
existe lugar mais feliz do que no centro da vontade de Deus.
Esta alegria e segurança tem estes degraus: permanecer no que já
aprendeu, se é que aprendeu certo; tomar cuidado com gente mundana demais (os
cães), os maus obreiros e com a falsa doutrina, a doutrina
legalista. Por fim Paulo nos orienta: Tenham comunhão maravilhosa com Jesus,
corram pra Ele. Assim
seremos seguros e felizes e esta segurança e alegria, esta alegria e segurança ninguém
poderá tirar de nós. Estas começam aqui na terra e continuam no céu.
Que Deus nos abençoe.
Pr. Luiz César