Espero
que o sermão desta noite não fique parecido com uma última aula de homilética
para os formandos, mas eu não posso deixar de apresentar bem claramente uma proposição:
Todos devemos orar intensamente pelos
pastores. De
outra forma: é imprescindível que tanto os novos pastores, quanto os velhos,
sejam alvos das orações de todos aqui.
Devemos
orar por eles; esta é a principal lição deste texto.
Paulo,
o homem mais cheio do Espírito Santo que já existiu, um homem que teve encontros
pessoais com Jesus, sentia necessidade de que as igrejas orassem por ele. Ele destaca
esta necessidade no último capítulo de uma Epístola em que fala da volta de
Jesus.
Naquele
tempo deveria haver intensa oração por ele. Quanto mais nós necessitamos desta
dádiva. O próprio Senhor Jesus orava e pedia que seus discípulos orassem, não
por Ele, mas com Ele. Assim, imagino, que no gesto dos irmãos em virem aqui, em
prestigiarem esta formatura, em louvar ao Senhor pelas bênçãos deste dia,
haverá também uma motivação maior para orar por eles e por todos os pastores
que lhes são conhecidos.
Paulo nos dá 04 razões:
I. POR CAUSA DA PALAVRA DE DEUS (V.1)
Para que a Palavra de Deus seja pregada e
seja glorificada.
Se os crentes querem ouvir bons sermões,
devem orar pelo seu pastor. Onde o evangelho não é pregado, também não é
glorificado.
A pregação glorifica a palavra de Deus e
o Deus da Palavra, pois é uma exibição brilhante de Sua pessoa e Sua obra.
Lábios humanos, através da pregação,
fazem com que Deus seja glorificado.
A pregação é o aroma de vida para a
vida, dos que se salvam, e o cheiro de morte para os que se perdem (2 Co
2.6-5-16). Paula já havia pedido oração por ele em Efésios 6.19-20.
Com
toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando
com toda perseverança e súplica por todos os santos; e também por mim; para que
me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer
conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para
que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo.
Os
irmãos devem orar por estes novos obreiros e pelos seus pastores para que,
quando eles pregarem, a Palavra seja gloriosa e glorificada. Isto já acontecia
naquela igreja (como também está acontecendo entre vós), e deve acontecer hoje.
Assim, orem antes que eles subam ao púlpito, orem enquanto estão lá e orem
depois que descerem, para que a Palavra continue reverberando nas mentes dos
ouvintes durante muito tempo.
II. POR CAUSA DOS HOMENS MAUS (V.2).
Para
que sejamos livres dos homens perversos e maus.
Sempre
haverá homens perversos, na sua maioria fora da igreja, mas também dentro.
Paulo cita pessoas que lhe
fizeram muito mal. Vejamos:
1-
Ele foi acoitado várias vezes (Pelo contrário, em tudo recomendamo-nos a nós mesmos
como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas
angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias,
nos jejuns (2 Co. 6.4,5).
2-
Ele foi ferido por gente próxima dele (2 Tm. 4.14: Alexandre, o latoeiro me
causou muitos males).
Além da maldade humana existe a condição
caída do homem.
Os pastores pregam para gente cuja
natureza ou não foi transformada pela conversão, ou ainda está em um processo
de santificação. Em ambos os casos a velha natureza é inimiga de Deus e somente
debaixo de oração estes pastores podem obter resultado em seu ministério.
Gardiner Spring se expressou assim sobre
esta questão:
Ensinamos com tanta clareza e frequência os
mandamentos divinos, e os homens menosprezam a autoridade de Deus.
Falamos clara e repetidamente sobre os
juízos de Deus, e os homens desprezam a justiça de Deus.
Pregamos amavelmente sobre as promessas de
Deus, e os homens não atentam à fidelidade dEle.
Proclamamos o Filho amado de Deus, e os
homens ameaçam pisoteá-Lo.
Falamos sobre a paciência e a longanimidade
de Deus, mas a impenitência e a obstinação dos homens constituem provas contra
todos eles.
Arrazoamos
e imploramos aos homens, até que os obstáculos para a conversão deles parecem
se tornar cada vez mais elevados por intermédio de cada esforço que empreendemos
para vencê-los; até que, finalmente, caímos em desânimo e clamamos:
“Que
poder é capaz de esmigalhar esses corações semelhantes a granito? Que braço
onipotente pode resgatar das chamas eternas esses homens condenados?”.
Ó
igrejas compradas por sangue, os seus pastores necessitam de suas orações, suplicando
a suprema grandeza daquele poder que Deus manifestou em Cristo, ressuscitando-O
dos mortos. (Ef.1.19,20).
Somente
pastores cobertos por orações amorosas e fervorosas serão capazes de pregar de
tal forma que desafie os homens perversos e quebrante os corações mais duros.
Demos orar.
Porque
devemos orar então? Para que eles sejam firmes diante das provações e inimizades
dos homens maus, e para que a sua pregação desperte a alma dos perdidos, e que
produza transformação nos crentes mais endurecidos.
III.
POR CAUSA DA AÇÃO MALIGNA (v.3).
Ele vos confirmará e guardará do Maligno.
Paulo
entende que por traz dos homens maus está o maligno (v.3) De fato, nos diz
Paulo em Efésios 6.12, a
nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e
potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais
do mal, nas regiões celestes. Os Pastores, especialmente, são alvos do maligno.
Quem
e o que são os ministros do evangelho? São homens fracos, falíveis, pecadores,
expostos a todas as armadilhas e a todos os tipos de tentação. E, devido ao lugar
de observação que ocupam, os pastores são alvo fácil para os dardos inflamados
do Maligno.
Eles
não são vítimas triviais que o grande adversário está procurando, quando deseja
ferir e mutilar os ministros de Cristo. Tal vítima é a mais digna da atenção do
reino das trevas do que grande número de homens comuns. Por esta mesma razão,
as tentações dos pastores são provavelmente mais sutis e severas que as
enfrentadas pelos crentes comuns.
O
ardiloso Enganador fala em destruir os pastores, ele se concentra
astuciosamente em neutralizar a influência deles, por meio de abafar o fervor
da piedade neles, levando-os à negligência e fazendo tudo o que pode para
transformar a obra deles em um fardo insuportável.
Quão
perigosa é a condição de um pastor cujo coração não é encorajado, que não tem
as mãos fortalecidas e não é sustentado pelas orações de seu povo. Não é
somente em oração particular e em seus próprios joelhos que o pastor encontra
segurança e consolação, bem como pensamentos e regozijos e enobrecem, humilham,
purificam. Porém, quando os crentes buscam estas coisas em favor do pastor,
este se torna um homem melhor e mais feliz, um ministro mais útil do evangelho
eterno. Gardiner Spring.
Quão
vitoriosos serão estes pastores, missionários e educadores, se forem sustentados
pelos seus irmãos e por suas ovelhas, em oração. Que golpe na cabeça do inimigo
representam as orações das ovelhas por seu pastor. Paulo pede oração por ele, entendendo
que representa todos os que militam no ministério santo. Unamos-nos ao Senhor
Jesus que orou pelos seus apóstolos:
Não
peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal (Jo. 17.15).
IV.
POR CAUSA DA IGREJA (v.4,5).
O
Senhor vos conduza ao amor de Deus e à constância em Cristo.
Finalmente
Paulo entende que tanto ele quanto todos os ministros devem ser alvos da oração
por causa do crescimento da igreja. Esta igreja de Tessalônica praticava as
coisas que foram a ela ensinadas, de maneira contínua, e isto era fruto da
oração. Eles eram conduzidos ao amor e à perseverança, constância em Cristo.
Aqui fala de um crescimento rotineiro, mas constante, sempre, sem parar, até a
volta de Jesus. (v. 5).
Explicar doutrinas, disciplinar, ensinar, aconselhar,
defender a verdade com versatilidade, somente debaixo de oração. Quanto mais
orar pelos pastores mais os crentes o amarão e o respeitarão, mais interesse
terão em sua vida e ministério, atenderão aos seus desafios, e os filhos dos
crentes sentirão interesse mais profundo tanto no pastor quanto na pregação
dele, se ouvirem com regularidade súplicas que confiam efetivamente o pastor ao
trono da graça celestial.
Conclusão
Que
prazeroso será exercer o ministério sabendo que é alvo de oração. Quão inefavelmente
precioso é o pensamento de que todos os que labutam nesta obra grandiosa, jovens
ou velhos, são lembrados nas orações das igrejas. Se orarem os crentes
receberão um ministério em sua plenitude.
Quatro
desafios:
1.
Lembrem-se destes rostos e destes nomes. Orem por eles.
Especialmente no início de
seus ministérios. Se não orarem por todos, orem sempre, e muito, por aquele, ou
aquela que foi o motivo de sua vinda aqui nesta noite.
2. Orem pelos seus próprios pastores.
Não falem mal deles, orem por
eles; não os menosprezem, orem por eles; não sejam inimigos deles, orem por
eles. Na benção deles vocês serão abençoados. Não deem descanso a Deus neste
ofício. Fale com Deus sobre a fraqueza de seus pastores e a necessidade que
eles têm do poder de Deus. Cubra-os com o manto da oração; falem com Deus sobre
a família do seu pastor, sobre os filhos deles, sobre as finanças dele Sejam
parceiros dele em oração.
3. Incentivem seus filhos a orar pelos pastores.
Quem ora passa a amar, passa a respeitar,
passa a ouvir com atenção. Muita gente perdeu seus filhos para o mundo porque o
prato principal de suas mesas era o pastor; assim seus filhos aprenderam a não honrá-lo.
O contrário é verdadeiro, orem por ele com sua família e vejam o quando Deus se
agradará deste gesto.
4. Os formandos aqui devem orar por si mesmos, mas também,
com toda humildade, devem pedir que o povo de Deus interceda por eles.
Desse exercício depende o ministério
de vocês. Lembrem-se de que sem a intervenção natural de Deus vocês não poderão
fazer nada, vocês não serão nada, vocês não construirão nada, vocês não frutificarão
nada. Peçam oração, mas orem também. O nosso Senhor e Salvador Jesus nos diz
uma palavra final:
Mensagem pregada pelo Pr.
Luiz César Nunes de Araújo por ocasião da formatura do
Bacharelado em Teologia, no
SETECEB, no dia 29 de novembro de 2014.