Quando incentivo os pastores, missionários, educadores e líderes cristãos continuarem estudando teologia dou lhes pelo menos três razões que os ajudam refletir sobre o assunto. Digo a eles que Deus nos usa sempre, mesmo sem preparo algum, mas que uma ferramenta bem amolada, bem ajustada, serve com mais eficácia. Mesmo os que não têm a oportunidade de continuarem estudando formalmente, o fazem de maneira pessoal, o que é de grande valia, mas alguns são chamados para um passo em direção ao estudo teológico mais amplo. Ofereço então as minhas razões:
1 ATUALIZAÇÃO
Digo sempre aos colegas que mesmo a verdade do Evangelho sendo
inalterável, completa e perfeita, os comentários a seu respeito têm sido cada
vez mais relevantes. Devemos nos atualizar para servir melhor, para ensinar com
mais propriedade, para falar mais diretamente ao homem de hoje, para dar
respostas mais pertinentes, mais completas, mais profundas. O mundo caminha em
uma velocidade tal que devemos correr junto ou não conseguiremos mais falar à
nossa geração. Um exemplo que tenho está ligado à geografia e arqueologia
bíblica. Quando estudei aqui mesmo no Seminário que hoje dirijo, os mapas
geográficos eram mimeografados.
Hoje temos tudo em lindas imagens,
podem ser projetadas em Datashow. A geografia é a mesma, mas há mais visão,
mais clareza, mais luz, mais recursos, mais vida. Da mesma forma trabalha-se
hoje o texto original com mais rigor, mais amplitude, mais ciência, o que ajuda
muito na compreensão final.
Há mais profundidade na compreensão da Escritura e em um ambiente
acadêmico o aprendizado tende a ser mais incisivo e mais completo. Poucos são
os que se disciplinam para estudar sozinhos, por isso existem escolas e
universidades, mestrados e doutorados.
2 COMPLEMENTAÇÃO
Além da atualização, que significa
lançar um novo olhar sobre as mesmas verdades, existe a complementação, que é
avançar um pouco mais sobre os mesmos postulados. Há hoje mais instrução,
mais aplicação, mais visão, mais conteúdo, mais livros, mais doutores, mais
horizontes. Hoje temos mais teologia e mais teólogos, mais ensino e mais
professores, mais livros, mais comentários, mais traduções, mais cursos. É
maravilhoso já termos caminhado até aqui, mas podemos caminhar mais. O
conhecimento, e especialmente o conhecimento das coisas de Deus é ilimitado e
instigante.
É uma viagem maravilhosa a que fazemos até Deus pelo ensino de sua
Palavra. Digo aos meus alunos aqui no SETECEB que eles são privilegiados por
serem alunos em um tempo onde há mais e melhores livros, mais pesquisas, mais
profundidade no ambiente acadêmico, mais conhecimento. O conhecimento, por sua
vez, deve gerar mais temor em cada um de nós, e mais experiência com Deus.
O
que já aprendemos ninguém poderá tirar de nós, mas concordemos, podemos
aprender ainda mais. Não somos completos, sempre haverá algo a ser aprimorado.
Sejamos portanto dedicados ao ministério e ao ensino visto que o nosso alvo não
é agradar a homens, ou a nós mesmos. O nosso desejo deve ser o de servir melhor
ao nosso Deus e isto devemos fazer bem feito, com dedicação e esmero (Rm 12.7).
3 INTERAÇÃO
Quando voltamos a estudar; quando nos tornamos alunos mais uma vez,
interagimos com vários outros colegas e assim há uma rica troca de
experiências. Descobrimos no ambiente de estudo que somos alunos e professores
ao mesmo tempo; aprendemos e ensinamos; somos instruídos e instruímos também.
Cumpre-se nesta interação o que nos ensina o Apóstolo Paulo: Instruí-vos
e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria (Cl 3.16). Todos nós
temos o que aprender e o que ensinar e em um ambiente acadêmico este ciclo se
cumpre.
Na experiência de cada professor e de cada aluno acontece a aprendizagem.
Nas temporadas de estudos há uma troca de experiência que dificilmente seria
feita em outro ambiente. Vale a pena nos assentarmos como alunos, colegas e
professores para o crescimento mútuo. Como gostaria que todo pastor, educador e
missionário tivesse esta experiência maravilhosa de interação, convivência e
aprendizado em grupo.
Nem todos têm, durante todo o tempo, a possibilidade de continuarem
estudando em um ambiente acadêmico. Não há qualquer demérito em não voltar ao
banco de escola, nem mérito algum ao fazê-lo. O que devemos é ficar atentos
para, quando Deus der a oportunidade, a aproveitarmos. De uma forma ou outra,
todos continuamos aprendendo, todos nos aprimoramos, mas às vezes perdemos a
oportunidade de avançar com mais força e precisão neste desafio. Fiquemos
atentos ao que Deus nos indicar.
Pr. Luiz César Nunes
de Araújo