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A PREGAÇÃO E A SAÚDE ESPIRITAL DOS OUVINTES





2 Tm 3.14-4.4.

INTRODUÇÃO

 Não é novidade ara ninguém que boa parte das pregações de nossas igrejas não passa de apoio emocional e de confissão positiva para os ouvintes. O apoio emocional se vê na psicologização da mensagem.  Muitos pastores em vez de se aprofundarem nos estudos das Escrituras, buscam conhecimento tão somente na área da psicologia, como se isso fosse suficiente para cuidar do rebanho de Deus e alimentá-lo.

Parece que o desejo de alguns é fazer o ouvinte se sentir bem. O alvo final é que ele seja feliz. Temas como cura interior, revisão da alma, você tem valor, demonstram a tendência do culto se tornar um divã somente. Parece que estes estão falando a doentes e não a pecadores. 

Quanto á confissão positiva há uma espécie de pregação, na maioria das vezes apoiada em textos bíblicos isolados, que visa dar ao ouvinte uma sensação de que ele pode tudo, ele é tudo. Ele é vitorioso e é merecedor das bênçãos e cuidado de Deus. É uma espécie de pelagianismo que não leva em conta a depravação do homem mas apenas o que resta da imagem de Deus nele.

Não resta dúvida de que na conversão há uma transformação magnífica na alma do homem. Todos os seus pecados são perdoados; ele passa a ser herdeiro de Deus, o Espírito Santo vem habitar nele; uma obra maravilhosa acontece. No entanto, este homem continua pecador, ainda tem em si a a velha natureza, e ainda tem todas as suas inclinações carnais. Este homem, agora salvo, deve passar por um processo de santificação, de transformação, de crescimento espiritual, e isto somente pode ser alcançado com o auxílio da Palavra de Deus e com o auxílio da Palavra de Deus pregada.

Este é o ministério do pregador. Ele é cooperador de Deus para a perseverança dos santos. Ele deve pregar com tanto zelo, com tanta coragem, com tanta precisão, que o ouvinte, em cada pregação, deve ser estimulado a dar um passo adiante na sua saúde espiritual. Não existe terapia ou esforço humano capaz de transformar um pecador convertido em um homem santo; a Palavra de Deus pode fazer isso. Vejamos como a Palavra de Deus age no cerne do homem. O que a pregação bíblica pode fazer?

I-         A PREGAÇÃO BÍBLICA GERA O NOVO NASCIMENTO.

Paulo faz uma declaração simples para Timóteo no verso 14: A Palavra de Deus torna uma pessoa sábia para a salvação. A mente exposta à leitura, e especialmente à pregação, recebe subsídios intelectuais para que a pessoa chegue ao pleno conhecimento da salvação. Uma verdadeira pregação bíblica, seja em que texto for, agirá como uma indutora da inteligência. A mente humana fará as suas conjecturas, as suas induções.

 Se há pouca conversão entre nós talvez seja porque haja pouca pregação bíblica. Não é preciso muita criatividade, muito esforço externo, muita plástica, muita coreografia; é preciso pregar e deixar o Espírito Santo trabalhar na mente do ouvinte pela pregação da Palavra do Senhor.

 A mensagem bíblica é ouvida, é reverberada, é pensada; assim fica mais fácil a mente humana, projetada por Deus, ser atingida por uma sabedoria celeste e chegar à conversão. A conversão é um milagre, mas este milagre precisa ter um ponto de partida, uma impulsão, uma iluminação, e isso somente pode acontecer com uma pregação bíblica relevante. A fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17).

A nossa decisão mais acertada aqui seria a de tomarmos uma decisão de garantirmos que nossas pregações sejam bíblicas, com uma análise segura, com uma exegese pertinente. O Espírito Santo não costuma salvar uma pessoa que ouve uma mensagem destituída da verdade bíblica; Ele não pode salvar a partir de uma ação social, ou de uma programação genérica, ou de apresentações várias, tão somente. Paulo nos informa que a espada do Espírito é a Palavra de Deus, e nada mais (Ef. 6.17).

 Nenhum de nós deve esperar conversão sem pregação bíblica, sem pregação genuína. Ouçamos com atenção o que Paulo falou a Timóteo: Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, que seja oportuno ou não... (4.1,2). Que a voz do apóstolo ecoe também em nossos corações.



II-            A PREGAÇAO BÍBLICA GERA CRESCIMENTO.


Toda Escritura, e não somente uma parte dela, após conduzir uma pessoa ao novo nascimento, a conduzirá também ao crescimento espiritual. Aqui temos uma escada e alguns degraus para subirmos. Tudo começa com a conversão (v.14), e passa pelos seguintes outros passos:

1-    O ensino- A pregação da Palavra de Deus instrui, ensina, dá informações, dá direção segura. A verdadeira pregação bíblica faz o crente aprender não somente ouvir.

2-    A repreensão – A pregação bíblica repreende o salvo que insiste em continuar errando. Paulo continua com a mesma orientação no capítulo 4, verso 2. A pregação deveria repreender e exortar. Este é o valor da pregação de um livro bíblico inteiro; pregando expositivamente todo o texto não se pode fugir das partes mais difíceis e das que exortam e repreendem. Quanta saúde espiritual precede a pregação bíblica bem preparada, bem ministrada, bem fundamentada.

3-    A correção – Neste aspecto há um erro involuntário:  pessoas bem intencionadas ouviram erradamente, aprenderam sem precisão, por isso precisam, não de repreensão, mas de correção; precisam ser levadas de volta ao caminho. Talvez seja por isso que Paulo orienta que os homens que transmitem devem ser fiéis e idóneos (2 tm 2.2). A fidelidade do que se fala e a idoneidade de quem ministra são fundamentais para que a mensagem seja transmitida sem variação alguma.  A pregação é capaz de por ela mesma fazer o ouvinte percorrer o caminho de volta.

4-    A Educação na Justiça – Aqui o crente já está amadurecido, ele já subiu alguns degraus no seu crescimento espiritual, por isso já está em condição de exercer juízo. Somente os que são capazes de exercer juízo, julgar retamente, podem ocupar os cargos de liderança nas igrejas. A pregação ajuda neste amadurecimento para a liderança cristã.

Como é notório que a Palavra de Deus e especialmente a Palavra pregada gera vida, saúde espiritual, crescimento, gera uma dinâmica cristã. Sem a pregação não há educação, nem repreensão, nem correção e nem educação na justiça em sua plenitude.

 Neste ponto devemos também nos lembrar do pequeno conselho de Paulo a Timóteo: ele deve fazer tudo isso com toda a longanimidade e doutrina (4.2). Os verbos corrigir, repreender e exortar podem dar a Timóteo um ânimo exagerado para a sua tarefa. Paulo então abranda: com longanimidade e doutrina. Com paciência e brandura, porque a pregação será constante, duradoura, e mesmo sendo verdade, deve ser terna; e com doutrina. Ela não deverá ser fora do que a Palavra de Deus tem como padrão.

III-       A PREGAÇÃO BÍBLICA GERA BOA OBRA.

Paulo segue agora para o objetivo final da pregação: que homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (3.17). A pregação genuinamente bíblica, bem trabalhada, bem elaborada, bem ministrada fará com que os ouvintes se tornem praticantes da Palavra. No final de uma mensagem, ou de um ciclo de mensagens, o ouvinte se levantará com a decisão de servir melhor ao Senhor. Ele está sendo habilitado para toda boa obra.

Tudo o que há de bom a ser feito na face da terra, o ouvinte bem alimentado será capaz de fazer.  A Palavra o coloca em condições de fazer melhor o seu trabalho. Ela o habilitará a ser um melhor filho, um melhor esposo e esposa, um melhor pai, um melhor funcionário, um cidadão melhor. Há uma promessa aqui e nós os pregadores devemos reivindicá-la quando pregamos. Devemos trabalhar em oração, preparar a ministração de tal forma que Deus se sinta impelido a cumprir esta promessa na vida dos nossos ouvintes. Quem não é habilitado não se sente motivado a fazer coisa alguma. Talvez um dos motivos pelos quais uma pessoa não trabalhe, não se realize, não se sinta preparada, é porque não foi, através da pregação, habilitada.  Pensemos nisto.

IV-    A PREGAÇÃO BÍBLICA GERA PUREZA DOUTRINÁRIA.

Paulo termina esta perícope com uma abordagem sobre a pureza doutrinária. Ele sabe que sempre haverá os que não suportam a sã doutrina e gostam das fábulas (4.3 e 4). Já naquela época alguns tinham muita dificuldade em ouvir pacientemente as verdades; eles preferiam as estórias. Como hoje isto está tão claro. Alguns não conseguem subir ao púlpito sem apresentar um vídeo clipe, uma história engraçada, uma imagem fantástica. Parece que não é mais possível pregar uma mensagem somente a partir da Bíblia. O problema aqui é espiritual: eles não conseguem aceitar a verdade (v.4), o que é certo, o que é ortodoxo, o que traz a santidade e não a felicidade. A verdade traz a santidade, a fábula leva à alegria, à felicidade.  As pessoas querem ser felizes, não necessariamente santas.

 O antídoto contra a mentira é a pregação bíblica em sua força. Paulo em Atos 20 sabia que haveria tempo em que lobos penetrariam o rebanho com doutrinas falas (v.29), mas ele já havia aplicado o antídoto: Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e de casa em casa (v.20) ... Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus (v.26,27). Os lobos certamente viriam, mas a Palavra já havia sido pregada. Este é resultado de um trabalho de três anos de pregação. O que protege o nosso rebanho de tantas influências é a pregação das Escrituras, pura e simples.

Vivemos em um tempo em que nossos ouvintes ouvem muitas vozes durante a semana. Eles ouvem as vozes de inúmeros pregadores, de inúmeras igrejas e até de seitas, durante a semana. Se não os ganharmos nas noites de domingo através de uma pregação poderosa, não haverá nada mais a fazer.  Devemos pregar com uma postura de evangelista, mesmo pregando para crentes (4.5). Os crentes precisam ser convencidos da verdade e esta tarefa exige do pregador muito trabalho e a determinação de quem quer, de qualquer forma, salvar a sua alma. Isto significa cumprir cabalmente o ministério. É um esforço que nos é exigido.

CONCLUSÃO

John Stott no seu livro O Perfil do Pregador chama o ministro de Deus de despenseiro, de arauto, de testemunha, de pai e de servo. Ouso acrescentar que o pregador, em alguns momentos, é um médico. Ele é um médico sanitarista. Ele tem que fazer a leitura da saúde espiritual do seu povo e deve, especialmente a partir da pregação, cuidar para que o seu povo alcance estes estágios que a Palavra de Deus nos orienta nesta porção das Escrituras. Que a nossa pregação gere salvação, que produza um verdadeiro crescimento espiritual, que leve o nosso rebanho a serviço consagrado ao Senhor e à pureza doutrinária. Que o Senhor nos auxilie nesta tarefa.

                                                                      Pr. Luiz César Nunes de Araújo.


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Pr. Luiz César : A PREGAÇÃO E A SAÚDE ESPIRITAL DOS OUVINTES
A PREGAÇÃO E A SAÚDE ESPIRITAL DOS OUVINTES
Pr. Luiz César
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